O secretário de Produção Rural do Estado, Eron Bezerra, anunciou que, em agosto, a marca Bacalhau da Amazônia irá ganhar um selo internacional desenvolvido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Trata-se do Selo Amazônico. “O selo vai ter valor internacional de rastreabilidade geográfica, ou seja, nós poderemos chegar ao exagero de sentar em uma mesa em Paris (França) e dizer estou comendo um Pirarucu que foi pescado pelo senhor Pedro Nonato, na comunidade tal, no dia tal, porque o produto vai ser rastreado”, explicou Eron.
De acordo com Eron Bezerra, o Bacalhau da Amazônia é a maior grife que hoje a região tem para vender para o mundo como sustentabilidade real, não ficcional. “Exemplos como esse aqui do Bacalhau da Amazônia nos permitem dizer que aqui sim, nós temos um exemplo onde a natureza é preservada, onde os recursos naturais são conservados, onde há elevação de renda da população local e onde você agrega valor à matéria prima regional”, concluiu.
O produto, que já foi apresentado como melhor exemplo de alternativa para o desenvolvimento sustentável no Fórum Social Temático, que aconteceu em janeiro, em Porto Alegre, é resultado do processamento do pirarucu (Arapaima gigas), peixe exclusivo da bacia Amazônia e oriundo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
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A produção de pirarucu na Fábrica de Bacalhau da Amazônia, localizada no município de Maraã (a 635 quilômetros de Manaus), deve triplicar em 2012. A extimativa é da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror). O faturamento dos produtores de Maraã que fornecem pirarucu para a Fábrica de Bacalhau da Amazônia, em agosto do ano passado, teve acréscimo de quase 100% só nos quatro primeiros meses de operação da fábrica.
Além de aumentar a produção, a estimativa para 2012 é trabalhar com peixe seco e não só com bacalhau. Outra novidade é a inauguração de mais uma fábrica como a de Maraã, no município de Fonte Boa (distante 676 quilômetros de Manaus). A indústria em Fonte Boa é resultado de uma parceria com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). Juntas, as duas fábricas poderão processar 5 mil toneladas de peixe.
O pirarucu é manejado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá com assessoria técnica do Programa de Manejo de Pesca do Instituto Mamirauá. Desde 1998, o programa promove a conservação dos recursos pesqueiros nas Reservas Mamirauá e Amanã, com a participação das comunidades. “A criação da agroindústria é mais uma oportunidade para agregar valor ao peixe cujos princípios de produção são a sustentabilidade ambiental, a justiça social e a viabilidade econômica”, afirmou a Coordenadora do Programa de Manejo de Pesca, a bióloga Ellen Amaral.
O manejo participativo da pesca de pirarucus ajudou a aumentar em aproximadamente 425% o estoque natural da espécie, nas áreas manejadas da Reserva Mamirauá. Desde 1999, mais de mil pescadores foram envolvidos com a pesca e houve um incremento na renda em mais de 400% para cada um desses pescadores.