Subiu para nove o número de municípios atingidos pela cheia dos rios Madeira, Juruá e Purus, no sul do Amazonas. São 66.754 pessoas afetadas e 13.349 famílias, de acordo com dados da Defesa Civil do Estado do Amazonas.
Com as aulas suspensas por 60 dias e a produção rural quase toda debaixo d’água, Manicoré (a 330 quilômetros da capital) decretou na última segunda-feira (10) situação de emergência.
Além de Manicoré, na calha do rio Madeira, também estão em situação de emergência Lábrea e Apuí. No rio Purus, são Boca do Acre, Canutama e Pauini e, na calha do Juruá, estão Guajará, Ipixuna e Envira. Já em situação de calamidade pública encontra-se o município de Humaitá, também à margem do Madeira.
Cerca de 1,1 mil famílias estão desabrigadas na zona rural, área de várzea de Manicoré, sendo 600 distribuídas ao norte e 500 na parte sul da sede.
“Decretamos situação de emergência após parecer da Defesa Civil que fez levantamento das comunidades atingidas com a cheia do rio Madeira. O nível do rio superou todos os índices dos anos anteriores. Foi a maior enchente que já tivemos”, informou o secretário municipal de Administração e membro da coordenação municipal da Defesa Civil, Kennedy Machado.
Parte das famílias que tiveram a casa tomada pela água do rio foram abrigadas em escolas do município. Segundo Machado, Manicoré possui aproximadamente 80 escolas que tiveram as aulas suspensas por 60 dias, afetando cerca de 15 mil estudantes. As que não foram ocupadas pelos moradores tiveram a estrutura invadida pelo Madeira. “As que não foram completamente alagadas estão servindo de abrigo”, disse.
As famílias que ainda não abandonaram as residências correm o risco de ter o abastecimento de energia elétrica cortado pela concessionária. A medida poderá ser adotada para evitar risco aos moradores, uma vez que os equipamentos e a rede foram cobertos pela água.
“Estamos tentando manter o fornecimento de energia elétrica de alguma maneira. Nesta localidade onde a rede elétrica do programa Luz para Todos já está sendo coberta, os medidores de luz estão embaixo d’água”, afirmou o secretário.
A cheia já causou prejuízo na produção agrícola do município. Segundo o secretário, as plantações de banana, melancia, macaxeira e hortaliças foram perdidas. “O prejuízo já é enorme. Manicoré é o maior produtor de farinha do Estado, além de banana e melancia. Com esta cheia, vai demorar para rever o quadro”, analisou.
Ele explicou que os produtores já foram cadastrados pela Secretaria Municipal de Agricultura, Produção e Abastecimento e pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário e Florestal do Amazonas (Idam) para calcular os prejuízos, formular uma alternativa a eles e poder garantir o sustento durante o período da cheia.